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domingo, 16 de abril de 2017

Cachorros não passarão


E o povo está cada vez mais expert na ciência da encrenca, chegando talvez ao nível de doutor, o que já me faz pensar logo na possibilidade de acontecer um CONAENC (Congresso Nacional dos Encrenqueiros). A referida arte avança e progride, talvez pela falta do que fazer - que é de sobra - ou pelo simples gosto de ir contra tudo. Mas no fim das contas é mera politicagem mesmo.
Andava eu pelas ruas de minha pacata cidade quando escutei parte de um diálogo a respeito da ordem do prefeito quanto ao horário da coleta de lixo. Atualmente, aqui em São José do Jacuípe, está determinado que o lixo deve ser depositado nos locais próprios entre as 07:00 e as 09:00, horario que compreende a passagem do caminhão. Coisa mais do que certa para manter a cidade limpa e organizada, pois a turma estava no mau costume de por o lixo na rua em qualquer hora e a porcaria ficava lá fedendo o dia todo e correndo o risco de ser espalhado pelos cães, gatos e pelos jegues esporádicos.
A conversa que vi era justamente entre duas pessoas, onde uma defendia o decreto e outra falava mal. Esta, com certeza diplomada na academia da encrenca dizia que era "uma bobagem essa ordem, que todo mundo devia ter o direito de colocar o lixo pra fora na hora que quisesse. E onde é que fica minha liberdade de expressão"?
Mesmo não tendo nada a ver o assunto com liberdade de expressão, pela expressão da criatura eu puder vaticinar que a mesma além de birrenta é também adepta das artes da imundície.
E a conversa prossegue:
- É pra cidade ficar mais limpa - defende uma.
- Mesmo assim. Não sei o que tem demais o lixo ficar ali arrumadinho - critica a outra.
- É pra evitar que os cachorros espalhem o lixo.
Daí vem a pérola:
- É só botar os guardas pra vigiar.
Aí me deu aquela comichão chata e eu vim aqui desabafar com vocês a respeito da babaquice que ouvi.
Pobres dos guardas que além de tudo o que já fazem, agora teriam que ficar de plantão ao lados dos sacos de lixo barrando a aproximação dos cães famintos ameaçando-os com o cassetete. Se esse tipo de bobagem um dia se tornar oficial, seria bom incluir no fardamento dos vigias um prendedor de roupas para o nariz, com a finalidade de proteger as narinas do desconforto do fedor do lixo alheio.

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