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quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

A festa que iríamos fazer

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Ginnethon (Rochedo) Rios
Faz dias que estou imaginando como ia ser esta festa. Ia ser grande, bonita e cheia de gente dando risada. Com certeza haveria um culto de gratidão a Deus pelos teus noventa anos. Belas músicas, comida pra caramba e aquela conversa boa onde o senhor ia fazer todo mundo rir. Com certeza em algum momento do culto o senhor ia pegar o microfone e citar alguma passagem da bíblia, certamente um Salmo. Com toda certeza Salmo 128:1-3, que o senhor tanto gostava de falar ao contemplar a família que formou: "Bem-aventurado aquele que teme ao SENHOR e busca andar em seus caminhos! Comerás do fruto do teu trabalho, serás feliz e próspero. Tua esposa será como videira frutífera em tua casa; teus filhos serão como brotos de oliveira ao redor de tua mesa".
Ia ser tão bonito, todos reunidos ali: onze filhos com seus cônjuges, vinte e quatro netos e seus cônjuges, onze bisnetos, com mais chegando. Imagino os teus irmãos com os seus, os amigos velhos e novos. Olha quanta gente que te admira ainda hoje chegando para te desejar feliz aniversário. Todas aquelas histórias repetidas e tão boas de ouvir. Fotos intermináveis e tantas felicitações que a gente ia varar a noite fazendo aquela bagunça, aquela resenha que só essa raça dos Rios sabe fazer.
Em algum momento o senhor ia parar e ficar afastado, pensando na vida, na sua companheira já a muito ausente, ia ficar olhando pra nós com aqueles olhos claros e rasos d´água agradecendo a Deus por tudo e todos. Olhos que eram mistério, guarida, acalento, porto. Eu ia abraçar o senhor e ouvir mais uma vez o teu sentimento de gratidão e a tua admiração por tudo que construiu. Ia ser uma festa linda.
Mas não vai ter festa.
Hoje, quando o senhor faria noventa anos eu não posso te dar esse abraço e nem ouvir tua gratidão ou teus sábios conselhos. Não vai haver reunião de família com toda a nossa animação. Hoje só vai ter saudade e teremos que "compreender a marcha e ir tocando em frente". Hoje, no dia em que faríamos uma festa, não temos o aniversariante. Temos que nos contentar com a lembrança dos olhos brilhando de felicidade, temos que guardar cada recordação com bastante carinho, temos que reavivar o sentimento de gratidão, pra ver se essa falta tão grande fica um pouquinho menor e dor vai dar uma volta.
Tenho certeza que falo por todos: Feliz aniversário, Rochedo. Nós te amamos.

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